Numa época em que havia dificuldade em obter informação, ser professor significava representar o papel de transmissor de conhecimento acumulado. A tarefa docente era valorizada. Ensinar era ato de difusão de ciência e experiência.
Atualmente o conhecimento está muito mais acessível. Rádio, televisão, modernização da produção gráfica, transporte rápido, internet, multimídia e dispositivos móveis são exemplos de fatores determinantes da mudança na acessibilidade da informação. Observa-se o conhecimento cada vez mais democratizado. Há tutoriais disponíveis na internet para praticamente tudo o que se deseja saber. Entretanto, essa mudança ainda não se refletiu no papel desempenhado pelo docente.
O professor universitário do início do século XXI traz consigo a herança de no mínimo 17 anos de estudo no modelo tradicional de educação. Salas de aula privilegiando o exercício de transmissão de informação, planejamento rígido do conteúdo e resistência ao uso de novas estratégias e tecnologias são algumas das características presentes na cultura docente.
Esse modelo educacional está baseado na perspectiva de que o professor é aquele que, uma vez tendo acumulado relevante conhecimento em sua área de atuação, agora se ocupa em repassá-lo. Na época em que havia escassez de fontes de conteúdo, essa estratégia funcionava bem. Mas e agora?
Não dá para simplesmente mudar o entendimento de toda a sociedade quanto à educação, pois a maior parte ainda cobra do professor um papel ativo de ensino e do aluno um papel passivo de aprendizagem.
A proibição do uso de celular em sala de aula é um exemplo da falência do modelo tradicional de educação. O professor não pode ser mais o único com a permissão de falar e o aluno não pode ser mais aquele que apenas deve escutar. A solução passa pelo reconhecimento e uso de novas estratégias na educação, evocando o seu objetivo principal: a promoção de aprendizagem.
O professor adaptado ao novo cenário é aquele que estimula o estudante a se tornar ativo e autônomo em seu desenvolvimento, auxilia o caminhar do aluno no percurso individual de aprendizagem, propõe projetos vinculados à realidade profissional, problematiza a experiência, organiza debates e usa a tecnologia em favor do ensino. O docente deixa de ocupar o lugar de destaque, passando o aprendente a ser protagonista do processo educativo.
Vivemos um momento de choque cultural na educação. Fundamental ao docente estar disposto a analisar criticamente os valores abalizados, as tarefas assumidas e os métodos utilizados a fim de ressignificar sua identidade e prática.
Marcello Paskulin
Consultor - Hoper Educação
EXPEDIENTE:
Revisão: Mariana Andrade e Márcio Schünemann - Edição: Carla Thomasi – Diagramação: Paulo Ricardo
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