Luiz Roberto Liza Curi foi um dos palestrantes do módulo Educação Híbrida, do Prodeese.
A avaliação na educação superior tem que ser vista como algo para desenvolver o país, ajudar a sociedade brasileira e apoiar o egresso. No entanto, hoje parece ser feita simplesmente para ampliar vagas nas instituições de ensino.
A análise é do presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), membro do Conselho Superior da CAPES e doutor em Economia pela UNICAMP, Luiz Roberto Liza Curi. Ele foi um dos palestrantes do Programa para o Desenvolvimento de Empresários e Executivos do Setor de Educação – Prodeese, realizado nos dias 27 e 28 de junho, em Foz do Iguaçu, com o eixo Educação Híbrida.
Na conferência, Desafios Convergentes: Regulação e Avaliação na Educação Superior, Curi criticou o modelo de avaliação e regulação vigente enfatizando que tal instrumento não está organizado para estimular ou melhorar a educação brasileira.
A avaliação, segundo ele, não tem indicação de mudança curricular, de perfil de egresso ou de empregabilidade. “A avaliação serve a regulação torpe, conservadora, sem objetivo, rasa”, frisa.
O presidente do CNE diz que o Brasil precisa aprender a acolher a sociedade com o que é bem-feito. Para isso, é necessário estimular as instituições com bons currículos, boas diretrizes, bons espaços regulatórios que permitam a inovação. No entanto, as instituições vivem restritas.
O país tem hoje, conforme Curi, cerca de 6 mil avaliadores. No entanto, muitos não sem experiência adequada para a função.
Gargalos
Na conferência, Curi fez uma retrospectiva da educação brasileira, mostrando os atuais gargalos do setor.
Ele diz que o Brasil não caminhou para frente e a educação também não. “Nós aumentamos muito a matrículas, mais de 200% nos últimos 20 anos, aumentamos a quantidade de crianças nas escolas, mas a educação não melhorou”, pontua.
Os alunos da escola pública, afirma, com raras exceções, saem com déficit de aprendizagem terrível em português, matemática e ciências. Há criança alfabetizadas que não aprenderam conceitos básicos de linguagem, escrita e entendimento de texto.
Curi também criticou a condução do ensino profissionalizante no Brasil. Motor da economia dos países europeus, o Brasil tem apenas 10% de matrículas no ensino profissional e tecnológico.
Na Europa, a média de matrícula dos países membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE, é 42%. “De lá saem sempre grandes soluções para as indústrias e começa ter espaço para contratação de engenheiros, cientistas e pesquisadores”, diz.
Para ele, faltam equipamentos e professores hábeis no ensino profissionalizante brasileiro que não pode ser como um curso de ensino médio comum.
Ele ainda ressaltou que o Brasil tem uma história de ciência, tecnologia e educação superior relevante, porém trajada em um ambiente elitizado e com acesso restrito. Nos anos de 1970, o Brasil estava à frente da China e da Coréia em termos de industrialização. Hoje, tem diversos indicadores piores, os principais são a desigualdade, a fome e o desemprego.
Curi ressalta que nas economias desenvolvidas, quando algo está mal em um setor, investe-se na educação. No Brasil, ao contrário, fecha-se a educação, quer seja, cursos ou vagas.
EaD
Bastante criticada, e educação à distância também mereceu destaque na conferência. Para Curi, o problema não está na EaD em si, mas na trajetória da educação superior brasileira.
A EaD, diz, ainda tem papel fundamental na reconstrução no índice de formação e conhecimento de muitas regiões do país, incluindo periferias, centros não conurbados e grotões como Vale do Jequitinhonha (MG) e Vale do Ribeira (SP).
Denise Paro
Jornalista
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