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Informativo Quinzenal

GOVERNANÇA CORPORATIVA EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO, POR ONDE COMEÇAR?


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A nobre atividade da educação, desenvolvida pelas instituições de ensino privadas, assume no âmbito da gestão (acadêmica ou administrativa), cada vez mais o caráter empresarial. O ideal de se conferir ao Estado senão o monopólio, mas a plena oferta da educação de qualidade, mostra-se uma quimera. A tendência da participação das empresas privadas de educação no ensino superior, acentuada nas duas últimas décadas, conferiu maior destaque para conceitos relacionados como qualidade, eficiência, produtividade, rentabilidade e massa crítica dentre os vários elementos da teoria da administração.


Como consequência da valorização e aplicação prática desses conceitos, seguiu-se importante movimento de consolidação no mercado das instituições de ensino, manifestação eloquente da necessidade de dotá-las dos atributos das boas práticas de governança e gestão como fator de sobrevivência sustentável. Atualmente 12 instituições concentram 36% da receita e 44% do market share do setor e a expectativa é de mais concentração à frente¹.


Diante desse cenário de ampla consolidação, uma vez ultrapassada a crise econômica que nos atinge, as instituições privadas se voltam para a adoção de programas de melhoria da gestão acadêmica e administrativa, no propósito de qualificar suas práticas, seus processos e o seu corpo docente e gerencial para estarem prontas para a disputa desse mercado fortemente competitivo.


Gestão e governança, em consequência, ganham destaque nas agendas dessas instituições que, em sua grande maioria, são empresas familiares. A governança corporativa, assim entendido o sistema pelo qual as empresas são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo o relacionamento entre sócios e administradores, revela-se de grande oportunidade para a evolução sustentável dessas instituições para cumprir com excelência a nobre missão de educar.


Frente a tão grande desafio, importante que os líderes das instituições privadas de educação, que se organizam como empresas familiares, lancem olhar crítico à realidade do seu negócio, a estrutura familiar, a dependência econômica da família, o interesse de curto, médio e longo prazo em relação à continuidade do negócio como fonte de recurso financeiro, meio de realização pessoal dos sócios ou de continuidade de legado familiar.


Impõe-se, portanto, um olhar acurado e crítico para a família e seus membros, de modo a apurar qual a visão prevalente em relação à atividade empresarial por eles explorada e a realidade da sua administração. Naturalmente difícil de ser desenvolvida, a iniciativa proposta pode contar com a intermediação de facilitadores e consultores especializados para interagir diretamente com os membros da família. A partir do diálogo, de início individual, e depois com todos os sócios, serão delineadas e expostas com transparência as críticas, sugestões e expectativas de cada um em relação à forma de condução do negócio da família.


A discussão e reflexão sobre essas críticas, sugestões e expectativas propiciam análise qualitativa sobre a relação da família com o seu negócio e a estruturação da sua administração. A visão compartilhada da propriedade, do negócio e da administração lançará a base da estruturação da governança corporativa dessa empresa.


Concluindo, como primeiro passo para iniciar o trabalho de estruturação da governança corporativa da empresa familiar dedicada ao negócio educação:

Desprezar esta fase da análise crítica, como etapa inicial de desenvolvimento do projeto de governança corporativa da instituição de educação, traz risco concreto de ver comprometida a eficiência e sucesso do processo.


¹ Para melhor entendimento do movimento de concentração no setor da educação superior vide Análise Setorial Hoper Educação – 2016.



JOSÉ ROBERTO PRADO DE ALMEIDA

Advogado graduado pela Universidade de São Paulo – USP, com atuação em governança corporativa e procedimentos de mediação, membro de conselho consultivo de entidade de ensino superior, conselheiro certificado e membro da Comissão Jurídica do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, com carreira desenvolvida em empresas como Kraft Foods, Philip Morris, Du Pont , Reckitt Benkiser e Alcoa. Parceiro - Hoper Educação.

EXPEDIENTE:

Revisão: Márcio Schünemann – Edição: Maria Luiza Zarro – Diagramação: Laura Neves

ATENÇÃO: Não é permitida a reprodução integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é permitida apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime (Lei 9610/98).

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