Os números do Censo 2013 não agradaram gestores, investidores e analistas envolvidos com o mercado da educação superior privada. Além da queda de ingressantes e concluintes, ainda existe o receio de uma recessão em 2015 com inflação, desemprego, desvalorização do real e corte em investimentos do governo federal.
Mesmo assim, o mercado educacional ainda cresce mais do que a média de outros setores da economia brasileira. Estácio, Kroton, Ser Educacional, Anima e outros grandes players superaram suas expectativas em 2014, mostrando que a crise passa longe, até o momento, desses grupos educacionais. Vale lembrar que, considerar apenas números gerais (nacional, regional e estadual), pode mascarar a análise de realidades específicas e significativas.
Segundo relatório financeiro divulgado pela Bovespa, a Kroton teve alta na receita líquida de 166,3%, na educação superior presencial, referente ao 3º trimestre de 2014 quando comparado ao mesmo período do ano passado. No ensino a distância o crescimento da receita líquida foi de 76,2% na mesma comparação.
A Estácio Participações teve lucro líquido de R$ 133 milhões no terceiro trimestre, representando uma alta anual de 54,1%. A expectativa é de crescimento no último trimestre e em 2015.
Já o grupo Anima, teve receita líquida de R$ 192 milhões no terceiro trimestre de 2014, referente à educação superior presencial, representando alta de 76,2% no mesmo período do ano passado.
O Ser Educacional teve lucro líquido de R$ 59,2 milhões no terceiro trimestre de 2014, representando uma variação 71% em relação ao ano passado.
Afinal, o que estes grandes grupos estão fazendo efetivamente para terem um desempenho muito acima da média, passando longe da crise econômica para o próximo ano?
Polizel & Steinberg (2013, p. 11-12) indicam algumas vantagens de grupos consolidadores em relação às demais IES: economia de escala através de padronizações; gestão profissional com maior controle de custos; menor mensalidade a partir de redução de custos; políticas mais agressivas de comunicação e marketing; maior potencial para investimentos.
Também temos que considerar que parte deste crescimento dos grandes players é “lateral”, isto é, a partir de compras, fusões e aquisições feitas no mercado já existente.
Se por um lado uma IES de médio ou pequeno porte não consegue competir com grandes players, por todos os fatores listados acima, por outro, há outras vantagens que podem ser construídas através de um planejamento sólido.
Primeiramente, qualidade de atendimento, incluindo resposta rápida, eficaz, resolutiva; gestão relacionamento capaz de produzir um longo vínculo com os alunos, incluindo ingressos em cursos livres e pós-graduação. Para uma IES de grande porte, é muito mais difícil conseguir qualidade de atendimento e relacionamento, pois as padronizações e processos podem dificultar isso.
Além disso, Imagem e Diferenciação. Economia em escala, redução de custos pode gerar padronizações excessivas, engessamentos, podendo abrir campo para instituições diferenciadas, dinâmicas, com paradigmas diferentes aos cursos oferecidos. A imagem de um grande player conta muitas vezes com maior aporte para investimento em comunicação e marketing. Mas isso não é o suficiente para ter uma imagem de reconhecimento no mercado.
Assim, vale a reflexão para as IES de todas as naturezas, a fim de aprimorar suas capacidades de autocrítica através de diagnósticos, que apontem realisticamente quais os pontos positivos já conquistados e quais os pontos precisam ser melhorados para não se tornarem travões do crescimento.
Indicação de Leitura: “Governança Corporativa na Educação Superior – casos práticos de instituições privadas (com e sem fins lucrativos)”, de Caio Polizel e Herbert Steinberg; Saraiva, São Paulo; 2013.
Consulte os relatórios financeiros das empresas mencionadas em:
http://www.bmfbovespa.com.br/
Expediente: Jornalista: Alenxandre Nonato (MTB 5233-PR) - Edição: Carla Thomasi - Diagramação: Luana Guillande
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Plágio é crime (Lei 9610/98).