A Hoper apresenta análises preliminares, considerando os dados do Censo 2018 divulgados no último dia 19 de setembro. A primeira delas, refere-se à correlação entre a condição econômica do país e o desempenho do mercado educacional. Atualmente deixamos de atender aproximadamente 15 milhões de pessoas na educação Superior, pois segundo o Censo 2018 há 38,9% da população de 18 a 24 anos que concluiu o ensino médio, mas não frequenta algum curso superior.
O Brasil é continental, apresenta particularidades para cada uma das suas 5 regiões, sejam estas por aspectos culturais, populacionais e econômicos, evidenciando níveis diferentes de amadurecimento para cada mercado, em cada região. Estas questões impactam diretamente no surgimento de novas IES, onde comparando 2018/2017 destacamos a região Nordeste com crescimento de 10,6% (48), seguido da Centro-Oeste 8,1% (18).
Em 2018 o Brasil possuía 2.537 instituições de educação superior, destas 88,2% são IES privadas, onde a maior parte destas IES detinham até 1.000 matrículas, o que corresponde a 63,4%.
A cada 4 graduandos no Brasil, 3 frequentam a rede privada, representando 75,4% das matrículas totais em 2018, evidenciando a relevância dessa rede no atendimento da educação superior, impactando fortemente as taxas de cobertura/matrículas do segmento.
No setor privado a modalidade EaD possui 244 instituições atuantes, ou seja, apenas 10,9% das instituições. Isso chama atenção, pois o mercado EaD dobrou de tamanho nos últimos 10 anos, evidenciando a forte concentração desse mercado.
O crescimento da EaD acontece principalmente por 4 pontos a serem destacados:
1. Economia: Em um país em crise econômica, a mensalidade da EaD cabe no bolso do brasileiro, pois hoje ela representa 1/3 da mensalidade do presencial.
2. Ampliação do catálogo: entrada de cursos da saúde, engenharias e tecnólogos, ampliando a oferta.
3. Aumento do número de polos: IES que já eram reconhecidas no EaD e tinham poucos polos, aumentaram a capilaridade, acelerando o crescimento destas instituições.
4. Novos players: a entrada de novos players, que já eram fortes no presencial e começaram atuar na EaD, utilizando o “efeito da força da marca local”, assumindo a liderança na região onde atuam presencialmente.
A EaD ampliou a captação em 29,5%, com 1.175.781 ingressantes e a modalidade presencial caiu -7,2% (1.316.996 ingressantes), impactando em queda de -3,4% das matrículas do presencial (4.489.690).
Os cursos top 3 na EaD permanecem na mesma posição há 3 anos, são eles Pedagogia, Administração e Ciências Contábeis. Já no presencial, os top 3 são Direito caindo -1,8% em relação ao ano anterior, mas permanecendo na liderança em matrículas, Administração caindo no presencial -11,8%, e subindo na EaD 11,4%, justificado pela migração de matrículas e Enfermagem subindo da 4 ª posição para a 3ª posição.
A máxima ainda prevalece, não podemos avaliar o mercado presencial sem considerar o desenvolvimento da EaD, pois essa modalidade novamente foi a responsável pelo setor crescer 5,2% em matrículas em 2018.
Cada vez mais encontramos um mercado fortemente competitivo, exigindo das IES condições mais profissionais de desempenho em suas diversas configurações da gestão, pois na configuração da retomada do crescimento do setor a modalidade presencial deve crescer e isso só ocorrerá quando tivermos a retomada do crescimento da economia, evidenciada por novos postos de trabalho formal.
Para os gestores das IES é fundamental avaliarem a configuração do seu mercado e atuarem estrategicamente, ampliando a qualidade do atendimento ao seu alunado. Em tempos de incerteza, inteligência de mercado, faz toda diferença!
Paulo Presse Coordenador da área de Estudos de Mercado da Hoper
Vânia Hernandes Consultora da Hoper
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